Município de Santo André

Paranapiacaba

A região de Paranapiacaba (do tupi: "de onde se enxerga o mar") pertence ao município de Santo André, na região da Serra do Mar. Situa-se ali a Vila de Paranapiacaba, construída para moradia de funcionários da companhia inglesa São Paulo Railway Company, que administrava a estrada de ferro Santos-Jundiaí, construída entre 1862  e 1867.

A estação ferroviária local tinha o nome de Alto da Serra, nome esse também utilizado para a localidade como um todo e para a Reserva Biológica lá existente.

A região é famosa porque ali se deram muitas das primeiras excursões de coletas ornitológicas para o atual Museu de Zoologia da USP.

Contíguo à Vila se encontra o Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Nesse há diversas trilhas cujo acesso deve ser feito com a companhia de monitores ambientais credenciados. É paga uma taxa que varia de acordo com a dificuldade da trilha. O parque abre às 8:30 h e fecha às 16:30 h. Para entrar em outros horários é necessária uma autorização prévia da administração do Parque.

Além dessas trilhas, a observação de aves pode ser feita na estrada que liga a Vila ao vilarejo de Taquaruçu, este já no município de Mogi-das-Cruzes. Essa estrada permite um excelente trajeto pela área, por ser praticamente plana e  permitir uma boa visibilidade das aves na borda da mata. No amanhecer e mesmo à noite pode ser percorrida com bastante tranquilidade, já que praticamente não há passagem de veículos ou pessoas, o que começa  ocorrer no final de manhã com a passagem de carros, motos e bicicletas, em sua grande maioria de turistas, mesmo assim numa frequência que não chega a prejudicar a observação de aves.

 

Situa-se ali também a Reserva Biológica de Paranapiacaba, administrada pelo Instituto de Botânica da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo. Tem área de 336 ha, com relevo montanhoso, com declividade ao redor de 65% e altitudes entre 750 e 890 m . É coberta por floresta atlântica de encosta. 

A Reserva, conhecida no passado como Alto da Serra é famosa do ponto de vista histórico por ter sido visitada por muitos pesquisadores desde a primeira metade do século passado.

A região sofreu bastante com as emissões de poluentes atmosféricos pelo Complexo Industrial de Cubatão, situado na planície costeira. Com o controle dessa poluição a vegetação tem se recuperado. Levantamento feito pelo Instituto de Botânica da flora fanerogâmica já indicou para a reserva 800 espécies.

Por sua localização, a região está sujeita a frequentes nevoeiros, pela condensação da umidade das massas de ar provenientes da planície costeira. Esse é um dos atrativos turísticos da Vila. Embora dificulte um pouco a visualização das aves, o nevoeiro não impede os passeios para sua observação.

 

Próximo à estrada de terra que dá acesso à parte baixa da vila há uma região com extensos capinzais.

Por ser um destino turístico importante, a Vila dispõe de diversas pousadas e restaurantes, sendo, portanto, fácil a permanência e pernoite lá, podendo-se assim aproveitar melhor a noite e a madrugada para os passeios de observação de aves.

Histórico do reconhecimento ornitológico da área

O estudo das aves em Paranapiacaba começou em 1898 e continuou no primeiro quarto do século XX por pesquisadores da seção de Zoologia do Museu Paulista, que depois seria o Museu de Zoologia da USP. Estes pesquisadores fizeram muitas coletas de aves para a coleção do museu e, entre estas, uma nova espécie de ave, o pinto-do-mato, Hylopezus nattereri. A partir da década de 60, alguns pesquisadores modernos voltaram a visitar Paranapiacaba, entre estes o alemão Rolf Grantsau, residente em São Bernardo, que veio da Alemanha para o Brasil para estudar as aves, principalmente os beija-flores, Werner Bokermann, que trabalhou no museu de Zoologia e no Zoológico de São Paulo, membros do Centro de Estudos Ornitológicos e a equipe atual do Museu de Zoologia da USP.

Avifauna de particular interesse na área

Com 222 espécies já detectadas na área, algumas são de particular interesse como as relacionadas abaixo em Desafios Ornitológicos. Também o pichochó, Sporophila frontalis, o pimentão, Saltator fuliginosus e o pinto-do-mato, Hylopezus nattereri merecem especial atenção.

Desafios ornitológicos na área

1. Embora seja uma das áreas mais visitadas por ornitólogos e observadores de aves no estado, novas espécies têm sido acrescentadas à lista da região. Um desafio é completar esse levantamento.

2. Diversas espécies foram apontadas como provavelmente extintas na Reserva Biológica de Paranapiacaba. Um desafio é verificar se ainda persistem em outras áreas da região de Paranapiacaba. Entre essas espécies estão:

Claravis godefrida

Eleothreptus anomalus

Ramphodon naevius

Dysithamnus stictothorax

Myrmotherula unicolor

Scytalopus speluncae

Philydor lichtensteini

Cichlocolaptes leucophrus

Phylloscartes oustaleti

Phylloscartes difficilis

Carpornis melanocephala

Orchesticus abeillei

Sporophila falcirostris

Phaeothlypis rivularis

Cacicus haemorrhous